A haptonomia é uma abordagem baseada em relacionamentos. É uma técnica de carícias e contatos endereçados que geralmente é usada durante a gravidez. No entanto, existem diferentes tipos de haptonomia dependendo das necessidades, descubra em que se baseia essa abordagem e como uma sessão ocorre.

Haptonomia, o que é?

A haptonomia desenvolveu-se a partir da observação da importância do papel da afetividade nas relações humanas, em especial no desenvolvimento psíquico e emocional da criança. Essa qualidade das relações e interações entre pai, mãe e filho é expressa por meio do contato tátil respeitoso e terno. A haptonomia permite o amadurecimento e o desenvolvimento do ser em construção, o que é confirmado pelos desenvolvimentos atuais da neurociência e da ciência comportamental.

Apoio para dificuldades psicológicas

A Haptopsicoterapia considera todo o ser de uma pessoa, em sofrimento psíquico ou vivendo um mal-estar existencial. É uma abordagem afetivo-psico-corporal.

O terapeuta implementa essa dimensão afetiva, essencial nas relações humanas:

  • através de uma abordagem cheia de bondade e respeito
  • em uma aceitação incondicional da pessoa como ela é
  • na confirmação de que todo ser é fundamentalmente “amável”
  • apoiando as potencialidades, dons e talentos (explorados ou não) que todos têm dentro de si desde a sua origem
  • por uma qualidade de presença expressa num contacto táctil tranquilizador e confirmador, cheio de ternura, em total transparência e segurança.

O que fundamenta o apoio psicoterapêutico é uma relação afetivo-confirmadora que estabelece na pessoa um clima de confiança e uma experiência de segurança interna.

A haptonomia permite estabelecer relações interpessoais equilibradas e fluidas onde se pode expressar-se autenticamente sem medo, expressar suas necessidades emocionais, sendo a mais essencial a de sentir-se incondicionalmente reconhecido por quem se é.

Desde as primeiras sessões, a pessoa descobre o outro lado, ou seja, o que, em sua história pessoal, a levou a ser cautelosa, a temer o outro e a dizer o que realmente sente.

A terapia é realizada na descoberta, reconhecimento e compreensão de tudo o que impede a fluidez da relação nele. O processo de mudança está ligado à evolução de sua representação do mundo (há outros tipos de relações além daquelas que o marcaram).

A terapia apela ao desejo e ao prazer de viver que dão sentido à vida.

Reconectada às suas necessidades profundas, a pessoa acessa gradativamente um estado de saúde psicoemocional e a possibilidade de realizar todo o seu potencial.

Ao desenvolver sua segurança básica, ela alcança a sensação de plenitude de seu ser, sua “ipseidade” (que torna uma pessoa única e absolutamente distinta da outra).

Os principais princípios da haptonomia

O acolhimento incondicional que reconhece e confirma o valor intrínseco de uma pessoa é condição essencial para o seu desenvolvimento.

O contato tátil respeitoso e reconfortante revela as tensões que se manifestam no corpo e torna-se consciente de seus medos e sistemas de defesa.

O terapeuta garante as condições para um bom relacionamento. O trabalho terapêutico e a cura de problemas se desenvolvem na vivência e consciência de tudo o que a pessoa implementa, no aqui-agora da sessão.

A confiança e a sensação de segurança que se estabelecem gradualmente desenvolvem a autoconfiança e a segurança interior.

Essa abordagem favorece a escuta das emoções e sentimentos registrados até mesmo nas memórias celulares.

Quando um tema aparece durante o trabalho, o corpo informa por suas tensões ou relaxamentos da carga emocional que carrega. Ouvi-lo desdobra o processo de resolução de tensões, de relaxamento, que sinaliza um estado de confiança e bem-estar.

O que é central é ouvir os hapsys. Essa inteligência na base do viver de qualquer ser (unicelular ou muito mais complexo como o ser humano), inteligência pré-racional e pré-lógica que nos guia para o essencial. No estado de saúde psíquica, a alma irradia a razão, e não o contrário.

Uma breve história da haptonomia

A qualidade dos laços afetivos manifestados pelo contato tátil, presença aos outros e a si mesmo permite o desenvolvimento adequado do ser humano.

A partir dessa constatação, o holandês Frans Veldman (1921-2010) desenvolveu a haptonomia que chama de “ciência da afetividade” (ele gostava de citar Paracelso: “a arte de cuidar é o amor”).

Haptonomia e gravidez

A haptonomia é mais conhecida por acompanhar a gravidez e a paternidade, o que promove o amadurecimento dos vínculos afetivos entre pai, mãe e filho.

Os diferentes tipos de haptonomia

No entanto, suas aplicações são muito mais amplas. As funções da haptonomia dizem respeito às diferentes áreas de cuidado e todas as idades da vida:

  • apoio pré e pós-natal;
  • hapto-obstetrícia;
  • haptopedagogia;
  • haptossinese;
  • haptopsicoterapia;
  • e apoio às pessoas em fim de vida.

Foi em Oms (Pirineus Orientais) que Frans Veldman criou o CIRDH (Centro Internacional de Pesquisa e Desenvolvimento da Haptonomia), que continuou sua pesquisa e transmitiu seu ensino à França na década de 1980. 

Os benefícios da haptonomia

A haptonomia tem muitos benefícios, entre os quais citamos:

  • restaurar uma pessoa a um estado de saúde psicoemocional;
  • modificação da qualidade de presença;
  • desenvolvimento de um sentimento de segurança interna, de autoconfiança e das próprias capacidades;
  • mobilização de recursos vinculados ao desejo e prazer de viver;
  • desenvolvimento do discernimento que permite o acesso gradual à autonomia nas relações afetivas;
  • “desenvolve uma arte totalmente humana de viver e morrer” (F. Veldman)

Haptonomia na prática

Após um contato sobre as motivações do processo, quando a abordagem da haptonomia proposta pelo terapeuta é aceita pelo consultor, há um protocolo de 3 sessões de descoberta.

As sessões de descoberta permitem uma experiência do que é a abordagem haptonômica, um encontro com o outro na relação. Também permitem identificar todas as limitações, desconfianças e medos que impedem a fluidez de um bom relacionamento.

Todas essas restrições resultam, na maioria das vezes, da construção psíquica posta em prática desde a infância com os meios próprios dessa idade ou posteriormente em caso de trauma posterior.

Essas restrições permitem responder melhor aos medos, frustrações ou deficiências afetivas mais ou menos significativas, até mesmo a traumas, maus-tratos, abusos sofridos durante a vida.

A origem dos transtornos ou desconfortos da pessoa que consulta encontra-se em sua construção psíquica de sobrevivência, que levou a uma certa representação interna do mundo e a crenças sobre si mesmo e sobre os outros.

Na relação terapêutica, essa construção limitante evolui pela experiência de outro estado de ser.

Curso de uma sessão

Após as sessões de descoberta, cada sessão começa com estaa perguntaa:

  • O que, agora, seria bom para você? 
  • O que você precisa ? 
  • Quais são seus desejos?

A partir deste ponto de partida a sessão se dá, no contato tátil ou não, na necessidade de falar ou de sentir, na tomada de consciência de novas emoções ou entendimentos.

A sessão de haptonomia se constrói nesse encontro humano, na experiência de que a presença do outro pode ser vivenciada em total segurança.

Treinamento de haptonomia

No que diz respeito à formação em haptopsicoterapia, destina-se a terapeutas já formados e com prática regular.

A formação em haptonomia tem a duração de três anos (incluindo um ano de tronco comum com as restantes especializações) e é exigida uma dissertação 6 meses após o término da formação.

Nem todos os terapeutas regularmente treinados em haptopsicoterapia aparecem no diretório do CIRDH. Só estão incluídos aqueles que continuam a contribuir e a frequentar o CIRDH-Frans Veldman.

Contra-indicação da terapia

As contra-indicações são aquelas que um psicoterapeuta não treinado em haptonomia mencionaria. Não há nenhum específico para haptonomia.