"Faz cócegas, ou faz comichão? Graças ao triunfo dos suplementos alimentares, todos podem agora tornar-se os seus próprios médicos. A ciência ao alcance das prateleiras: nas farmácias ou hipermercados, estes comprimidos milagrosos estão disponíveis para compra sem qualquer receita médica.
Estão disponíveis para todo o tipo de doenças: problemas de sono, constipações, fadiga, pernas pesadas, trânsito... Nem são medicamentos nem remédios de avó, os suplementos alimentares jogam tanto a cartada natural como a cartada tecnológica. Em suma, são eficazes sem os inconvenientes dos medicamentos alopáticos. Mas as substâncias propostas pelos fabricantes não estão isentas dos seus perigos: certas vitaminas são por vezes encontradas sobredosadas, a melatonina, mesmo em pequenas quantidades, pode perturbar os ciclos sono-vigília, e os aditivos podem ser pró-inflamatórios, estimular a hiperactividade nas crianças ou aumentar as perturbações digestivas.
Os efeitos secundários ou interacções destes produtos são legion.... sem que o utilizador esteja necessariamente consciente dos mesmos. Não existem regulamentos que obriguem os fabricantes a fornecer instruções. Apesar dos problemas comunicados às autoridades sanitárias, os suplementos continuam a ser atractivos. Isto deve-se provavelmente ao facto de também oferecerem satisfação psicológica. Todos podem sentir que adquiriram um produto único e especificamente adaptado. No entanto, a própria tomada destes "remédios" levanta questões. De facto, os seus consumidores são muito frequentemente aqueles que menos precisam deles. São pessoas abastadas que prestam atenção a uma dieta equilibrada e por isso raramente apresentam deficiências. Estão, além disso, ligados a um estilo de vida saudável.
Este é mais um paradoxo para os produtos que são frequentemente para os ricos (as caixas são caras) e já não são produtos de nicho de mercado.
